El Otro Chile (tradução)

Original


Portavoz

Compositor: Portavoz

De noite, lua cheia
De dia, tocam as sirenes

Venho do Chile, o baixo Chile anônimo
Atores secundários em um filme antagônico
Esse Chile que definem de classe média
Mas tem as meias dúvidas que afligem e assediam
O Chile dos meus iguais e dos seus
Que não saem nas páginas principais do Mercurio
Não têm estátuas e não têm ruas principais
E não são grandes personagens na porra das histórias oficiais
De inúmeras de populações
Que nasceram dos mesmos povoadores nas posses de terreno
De casas baixas, pareadas e dos blocos
As casas chubis, os apartamentos básicos pra pobres
Dos armazéns e bazares vários
Que quebram quando um supermercado invade o bairro
Dos Cachureos, Feria e Versia, que resiste com força
O monopólio feroz do shopping center
Dos que vão de metrô pro rala
Parados, repletos e de metrô em casa chegam
Dos que fazem sua viagen no Transantiago ou micro
E não pagam a passagem quando estão duros, moleque
O Chile dos carrinhos de lanche
E sopaipillas que sempre tem na esquina de um gueto
Onde há menos escolas que botecos
O Chile das minhas sequelas, das minhas penas e minhas alegrias

Venho do Chile, comum e corrente
Desse que não sai em comerciais de tevê
Onde as torneiras se abrem, porque aqui sim o sol arde
Cuidado pra não se queimar com esta mensagem

Venho do Chile
Do Victor Jara e a Violeta Parra
Os irmãos Vergara, o Cizarro e o Zafrada
O Chile dos 33 mineiros presos
Que quase morreram por culpa do negreiro empresário
Esse Chile de liceus industriais
Particulares, subconvencionados e municipais
Do universitário endividado
Que tem que pagar duas conduções a mais do que estudou
O Chile que realmente sofreu com o cataclismo
Perdeu sua moradia, sua família e suas crianças queridas
Um terremoto não discrimina e é verdade
Mas sim esta forma de vida assassina e criminosa
Dos hospitais colapsados
Onde não tem maca e te atendem na cadeira o em qualquer canto
E no inverno os corredores tão cheios
De crianças doentes e um inferno é se o Auge não te abrigou
Dos vendedores ambulantes
De estudantes, devedores, trabalhadores e desempregados
Frustrados no terceirizado
Portuários, mineiros, povoadores e operários explorados
Venho do Chile da maioria
Que carrega no lombo a porra do trono de poucos todo dia
É que esta é a pena da minha poesia
O Chile das minhas sequelas, das minhas penas e minhas alegrias

Desse que não sai em comerciais de tevê
Onde as torneiras se abrem, porque aqui sim o sol arde
Cuidado pra não se queimar com esta mensagem
Cuidado queimar com esta mensagem

Seus discursos de unidade nacional são só isso
Discurso porque outra é a realidade
Vivemos em uma sociedade segregada
E não é por acaso, sempre quis assim a classe acomodada
Por isso quando no Chile penso
Não te falo de bandeiras, de emblemas, te falo do Chile de onde venho
Sinto muito, mas se algum dia eu gritar: Viva Chile
Será o dia em realmente o Chile seja do povo líder

Canto dos milhares e milhares
Lá de baixo preparando os mísseis

Aí! É o povão

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